topbella

sábado, 29 de maio de 2010

Liberdade é POUCO ....O que EU quero ainda não tem nome!

Hoje após um longooooo tempo eu acordei sem algemas...Ai que delicia é o sabor da LIBERDADE já tinha até esquecido como é bom viver sem amarras...
Tô feliz, tô curada, conquistei o que eu mais queria, minha indepencia sentimental, não preciso de você para ser feliz, aliás demorou mais aprendi que minha FELICIDADE só depende de mim ...
Agora tudo que mais quero é respirar meu próprio ar, pensar só em mim, dane-se vc, dane-se os outros vou ter meu momneto egóista, cuidar  de mim, pensar só em mim....Amar mais a mim mesma...
E quanto  a vc?Seja feliz..siga sua vida, seu caminho...Que eu estou seguindo o meu e sei que ele é completamente diferente do seu...
Se vc não gostou?
Passa outro dia , ou quem sabe outro ano, noutra vida pq isso é o que eu tenho pra hoje....

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Mulher boazinha




Qual o elogio que uma mulher adora receber?

Bom, se você está com tempo, pode-se listar aqui uns setecentos:

mulher adora que verbalizem seus atributos, sejam eles físicos ou morais.

Diga que ela é uma mulher inteligente, e ela irá com a sua cara.

Diga que ela tem um ótimo caráter e um corpo que é uma provocação,

e ela decorará o seu número.

Fale do seu olhar, da sua pele, do seu sorriso, da sua presença de espírito,

da sua aura de mistério, de como ela tem classe:

ela achará você muito observador e lhe dará uma cópia da chave de casa.

Mas não pense que o jogo está ganho: manter o cargo vai depender da sua

perspicácia para encontrar novas qualidades nessa mulher poderosa, absoluta.

Diga que ela cozinha melhor que a sua mãe,

que ela tem uma voz que faz você pensar obscenidades,

que ela é um avião no mundo dos negócios.

Fale sobre sua competência, seu senso de oportunidade,

seu bom gosto musical.

Agora quer ver o mundo cair?

Diga que ela é muito boazinha.

Descreva aí uma mulher boazinha.

Voz fina, roupas pastel, calçados rente ao chão.

Aceita encomendas de doces, contribui para a igreja,

cuida dos sobrinhos nos finais de semana.

Disponível, serena, previsível, nunca foi vista negando um favor.

Nunca teve um chilique.

Nunca colocou os pés num show de rock.

É queridinha.

Pequeninha.

Educadinha.

Enfim, uma mulher boazinha.

Fomos boazinhas por séculos.

Engolíamos tudo e fingíamos não ver nada, ceguinhas.

Vivíamos no nosso mundinho, rodeadas de panelinhas e nenezinhos.

A vida feminina era esse frege: bordados, paredes brancas,

crucifixo em cima da cama, tudo certinho.

Passamos um tempão assim, comportadinhas, enquanto íamos alimentando um

desejo incontrolável de virar a mesa.

Quietinhas, mas inquietas.

Até que chegou o dia em que deixamos de ser as coitadinhas.

Ninguém mais fala em namoradinhas do Brasil: somos atrizes,

estrelas, profissionais.

Adolescentes não são mais brotinhos: são garotas da geração teen.

Ser chamada de patricinha é ofensa mortal.

Pitchulinha é coisa de retardada.

Quem gosta de diminutivos, definha.

Ser boazinha não tem nada a ver com ser generosa.

Ser boa é bom, ser boazinha é péssimo.

As boazinhas não têm defeitos.

Não têm atitude.

Conformam-se com a coadjuvância.

PH neutro.

Ser chamada de boazinha, mesmo com a melhor das intenções,

é o pior dos desaforos.

Mulheres bacanas, complicadas, batalhadoras, persistentes, ciumentas,

apressadas, é isso que somos hoje.

Merecemos adjetivos velozes, produtivos, enigmáticos.

As “inhas” não moram mais aqui.

Foram para o espaço, sozinhas.



Martha Medeiros

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Existem duas dores de amor:

A primeira é quando a relação termina e a gente,

seguindo amando, tem que se acostumar com a ausência do outro,

com a sensação de perda, de rejeição e com a falta de perspectiva,

já que ainda estamos tão embrulhados na dor

que não conseguimos ver luz no fim do túnel.



A segunda dor é quando começamos a vislumbrar a luz no fim do túnel.



A mais dilacerante é a dor física da falta de beijos e abraços,

a dor de virar desimportante para o ser amado.

Mas, quando esta dor passa, começamos um outro ritual de despedida:

a dor de abandonar o amor que sentíamos.

A dor de esvaziar o coração, de remover a saudade, de ficar livre,

sem sentimento especial por aquela pessoa. Dói também…



Na verdade, ficamos apegados ao amor tanto quanto à pessoa que o gerou.

Muitas pessoas reclamam por não conseguir se desprender de alguém.

É que, sem se darem conta, não querem se desprender.

Aquele amor, mesmo não retribuído, tornou-se um souvenir,

lembrança de uma época bonita que foi vivida…

Passou a ser um bem de valor inestimável, é uma sensação à qual

a gente se apega. Faz parte de nós.

Queremos, logicamente, voltar a ser alegres e disponíveis,

mas para isso é preciso abrir mão de algo que nos foi caro por muito tempo,

que de certa maneira entranhou-se na gente,

e que só com muito esforço é possível alforriar.



É uma dor mais amena, quase imperceptível.

Talvez, por isso, costuma durar mais do que a ‘dor-de-cotovelo’

propriamente dita. É uma dor que nos confunde.

Parece ser aquela mesma dor primeira, mas já é outra. A pessoa que nos

deixou já não nos interessa mais, mas interessa o amor que sentíamos por

ela, aquele amor que nos justificava como seres humanos,

que nos colocava dentro das estatísticas: “Eu amo, logo existo”.



Despedir-se de um amor é despedir-se de si mesmo.

É o arremate de uma história que terminou,

externamente, sem nossa concordância,

mas que precisa também sair de dentro da gente…

E só então a gente poderá amar, de novo.



Martha Medeiros

IMPERFEIÇÕES









Quando a gente conhece uma pessoa, construímos uma imagem dela. Esta imagem tem a ver com o que ela é de verdade, tem a ver com as nossas expectativas e tem muito a ver com o que ela "vende" de si mesma. É pelo resultado disso tudo que nos apaixonamos. Se esta pessoa for bem parecida com a imagem que projetou em nós, desfazer-se deste amor, mais tarde, não será tão penoso. Restará a saudade, talvez uma pequena mágoa, mas nada que resista por muito tempo. No final, sobreviverão as boas lembranças. Mas se esta pessoa "inventou" um personagem e você caiu na arapuca, aí, somado à dor da separação, virá um processo mais lento e sofrido: a de desconstrução daquela pessoa que você achou que era real.







Desconstruindo Flávia, desconstruindo Gilson, desconstruindo Marcelo. Milhares de pessoas estão vivendo seus dias aparentemente numa boa, mas por dentro estão desconstruindo ilusões, tudo porque se apaixonaram por uma fraude, não por alguém autêntico. Ok, é natural que, numa aproximação, a gente "venda" mais nossas qualidades que defeitos. Ninguém vai iniciar uma história dizendo: muito prazer, eu sou arrogante, preguiçoso e cleptomaníaco. Nada disso, é a hora de fazer charme. Mas isso é no começo. Uma vez o romance engatado, aí as defesas são postas de lado e a gente mostra quem realmente é, nossas gracinhas e nossas imperfeições. Isso se formos honestos. Os desonestos do amor são aqueles que fabricam idéias e atitudes, até que um dia cansam da brincadeira, deixam cair a máscara e o outro fica ali, atônito.







Quem se apaixonou por um falsário, tem que desconstruí-lo para se desapaixonar. É um sufoco. Exige que você reconheça que foi seduzido por uma fantasia, que você é capaz de se deixar confundir, que o seu desejo de amar é mais forte do que sua astúcia. Significa encarar que alguém por quem você dedicou um sentimento nobre e verdadeiro não chegou a existir, tudo não passou de uma representação – e olha, talvez até não tenha sido por mal, pode ser que esta pessoa nem conheça a si mesma, por isso ela se inventa.







A gente resiste muito a aceitar que alguém que amamos não é, e nem nunca foi, especial. Que sorte quando a gente sabe com quem está lidando: mesmo que venha a desamá-lo um dia, tudo o que foi construído se manterá de pé







Martha Medeiros
O medo do Amor






Medo de amar? Parece absurdo, com tantos outros medos que temos que enfrentar: medo da violência, medo da inadimplência, e a não menos temida solidão, que é o que nos faz buscar relacionamentos. Mas absurdo ou não, o medo de amar se instala entre as nossas vértebras e a gente sabe por quê.



O amor, tão nobre, tão denso, tão intenso, acaba. Rasga a gente por dentro, faz um corte profundo que vai do peito até a virilha, o amor se encerra bruscamente porque de repente uma terceira pessoa surgiu ou simplesmente porque não há mais interesse ou atração, sei lá, vá saber o que interrompe um sentimento, é mistério indecifrável. Mas o amor termina, mal-agradecido, termina, e termina só de um lado, nunca se encerra em dois corações ao mesmo tempo, desacelera um antes do outro, e vai um pouco de dor pra cada canto. Dói em quem tomou a iniciativa de romper, porque romper não é fácil, quebrar rotinas é sempre traumático. Além do amor existe a amizade que permanece e a presença com que se acostuma, romper um amor não é bobagem, é fato de grande responsabilidade, é uma ferida que se abre no corpo do outro, no afeto do outro, e em si próprio, ainda que com menos gravidade.



E ter o amor rejeitado, nem se fala, é fratura exposta, definhamos em público, encolhemos a alma, quase desejamos uma violência qualquer vinda da rua para esquecermos dessa violência vinda do tempo gasto e vivido, esse assalto em que nos roubaram tudo, o amor e o que vem com ele, confiança e estabilidade. Sem o amor, nada resta, a crença se desfaz, o romantismo perde o sentido, músicas idiotas nos fazem chorar dentro do carro.



Passa a dor do amor, vem a trégua, o coração limpo de novo, os olhos novamente secos, a boca vazia. Nada de bom está acontecendo, mas também nada de ruim. Um novo amor? Nem pensar. Medo, respondemos.



Que corajosos somos nós, que apesar de um medo tão justificado, amamos outra vez e todas as vezes que o amor nos chama, fingindo um pouco de resistência mas sabendo que para sempre é impossível recusá-lo.



Martha Medeiros

RIFA-SE UM CORAÇÃO

Rifa-se um coração

Rifa-se um coração quase novo.

Um coração idealista.

Um coração como poucos.

Um coração à moda antiga.

Um coração moleque que insiste

em pregar peças no seu usuário.

Rifa-se um coração que na realidade está um

pouco usado, meio calejado, muito machucado

e que teima em alimentar sonhos e, cultivar ilusões.

Um pouco inconseqüente que nunca desiste

de acreditar nas pessoas.

Um leviano e precipitado coração

que acha que Tim Maia

estava certo quando escreveu...

"...não quero dinheiro, eu quero amor sincero,

é isso que eu espero...".

Um idealista...Um verdadeiro sonhador...

Rifa-se um coração que nunca aprende.

Que não endurece, e mantém sempre viva a

esperança de ser feliz, sendo simples e natural.

Um coração insensato que comanda o racional

sendo louco o suficiente para se apaixonar.

Um furioso suicida que vive procurando

relações e emoções verdadeiras.

Rifa-se um coração que insiste em cometer

sempre os mesmos erros.

Esse coração que erra, briga, se expõe.

Perde o juízo por completo em nome

de causas e paixões.

Sai do sério e, às vezes revê suas posições

arrependido de palavras e gestos.

Este coração tantas vezes incompreendido.

Tantas vezes provocado.

Tantas vezes impulsivo.

Rifa-se este desequilibrado emocional

que abre sorrisos tão largos que quase dá

pra engolir as orelhas, mas que

também arranca lágrimas

e faz murchar o rosto.

Um coração para ser alugado,

ou mesmo utilizado

por quem gosta de emoções fortes.

Um órgão abestado indicado apenas para

quem quer viver intensamente

contra indicado para os que apenas pretendem

passar pela vida matando o tempo,

defendendo-se das emoções.

Rifa-se um coração tão inocente

que se mostra sem armaduras

e deixa louco o seu usuário.

Um coração que quando parar de bater

ouvirá o seu usuário dizer

para São Pedro na hora da prestação de contas:

"O Senhor pode conferir. Eu fiz tudo certo,

só errei quando coloquei sentimento.

Só fiz bobagens e me dei mal

quando ouvi este louco coração de criança

que insiste em não endurecer e,

se recusa a envelhecer"

Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por

outro que tenha um pouco mais de juízo.

Um órgão mais fiel ao seu usuário.

Um amigo do peito que não maltrate

tanto o ser que o abriga.

Um coração que não seja tão inconseqüente.

Rifa-se um coração cego, surdo e mudo,

mas que incomoda um bocado.

Um verdadeiro caçador de aventuras que ainda

não foi adotado, provavelmente, por se recusar

a cultivar ares selvagens ou racionais,

por não querer perder o estilo.

Oferece-se um coração vadio,

sem raça, sem pedigree.

Um simples coração humano.

Um impulsivo membro de comportamento

até meio ultrapassado.

Um modelo cheio de defeitos que,

mesmo estando fora do mercado,

faz questão de não se modernizar,

mas vez por outra,

constrange o corpo que o domina.

Um velho coração que convence

seu usuário a publicar seus segredos

e a ter a petulância de se aventurar como poeta



Clarice Lispector
Minha foto
Eu escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém, provavelmente a minha própria vida.( Clarice Lispector)